sábado, 1 de abril de 2017
Moscou e Pequim estabelecem o enquadramento para as transações monetárias dos BRICS em ouro: e tudo começa. AIIB da China vai mudar radicalmente o mundo, competindo contra o FMI dominado pelos Rothschild - -- O
Moscou e Pequim estabelecem o enquadramento para as transações monetárias dos BRICS em ouro: e tudo começa.
31 Março, 2017 por Edward Morgan
A negociação nas respectivas moedas locais já começou – e estabelece as bases para facilitar as transações em ouro pelos BRICS.
Os avanços recentes na racionalização do comércio em moedas locais aproximou Moscovo e Pequim no sentido de criarem uma arquitetura financeira que poderá facilitar as transações em ouro.
Como informamos na semana passada, Moscovo e Pequim deram outro passo em direção à desdolarização com a abertura de um banco de acordos em Yuan [moeda chinesa] na Rússia. E no início deste mês o Banco Central da Rússia abriu sua primeira filial estrangeira em Pequim para permitir uma melhor comunicação entre as autoridades financeiras russas e chinesas.
•O dólar está a regressar a casa para morrer: escorraçado pelo mundo
•Discurso pivotal da Rússia: Os Novos Centros do Poder Econômico ~ Como a China, o Japão, a Bélgica, a Suíça e a Arábia Saudita se estão a descartar do Dólar Rothschild escritural [moeda FIAT] dos EUA.
O Ouro da China e da Índia
•3/2017 A Índia, o maior importador mundial de ouro aumenta em 82% as suas importações: a Índia descarta o sistema de moeda digital do FMI proposto pelo seu primeiro-ministro Modi.
De acordo com um artigo publicado ontem pelo Sputnik, o progresso na promoção do comércio bilateral em Yuan é o primeiro passo num plano ainda mais ambicioso – o de usar o ouro para efectuar transacções:
1.O centro de acordos em Yuan é uma das várias medidas que o Banco Popular da China e o Banco Central da Rússia têm vindo a analisar para aprofundarem a sua cooperação. […]
2.Uma das medidas em apreciação é a organização conjunta do comércio de ouro. Nos últimos anos, a China e a Rússia têm sido os compradores mais activos do mundo do metal precioso.
3.Numa visita à China no ano passado, o vice-chefe do Banco Central russo Sergey Shvetsov disse que os dois países querem facilitar mais transações em ouro entre os dois países.
Ouro Russo em 2017
A possibilidade de negociar em ouro tem sido discutida por funcionários russos durante o último ano. Em Abril passado, o primeiro vice-governador do Banco Central da Rússia Sergey Shvetsov afirmou à TASS:
Os BRICS países são grandes economias com grandes reservas de ouro e um impressionante volume de produção e consumo deste metal precioso. Na China, o comércio de ouro é realizado em Xangai, e na Rússia é em Moscovo. A nossa ideia é a de criar uma ligação entre as duas cidades a fim de aumentar o comércio entre os dois mercados.
Estes planos para o futuro para facilitar as transações entre Moscovo e Pequim em ouro, certamente explicam porque é que os dois países são líderes na produção e compra de ouro. Criar um “mercado de ouro” dos BRICS seria uma excelente forma de contornar o dólar, enquanto também passariam a usar uma “moeda” que poderia ser facilmente reciclada através do comércio com outros países membros.
Embora a negociação em ouro não vá acontecer da noite para o dia, os estados dos BRICS já se estão a mover no sentido da criação de uma “nova arquitetura financeira” que “dispute o domínio do dólar dos EUA nas finanças globais”:
•Choque em Xangai a 19 de abril de 2016: é criado o Yuan em padrão ouro.
•A China ditou a morte do dólar controlado pelos sionistas ao lançar a sua própria bolsa e preçário para o comércio de ouro
As iniciativas tomadas pelos países membros dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para montar uma nova arquitetura financeira na sua oitava cimeira, realizada em Outubro de 2016 na Índia, tem estado recentemente em foco.
A fim de evitar o tipo de condições dos empréstimos do FMI e enfrentar a dominância do dólar dos Estados Unidos no financiamento global, espera-se que as novas instituições criadas pelos BRICs proporcionem a mudança muito necessária na arquitetura financeira global.
Essas instituições incluem o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Fundo de Reserva de Contingência (CRF) liderado pelos BRICS e o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (AIIB).
•O AIIB da China vai mudar radicalmente o mundo, competindo contra o FMI dominado pelos Rothschild.
Como um especialista em finanças recentemente destacou:
Nos últimos anos, os países BRICS – o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – tomaram pequenos passos para reduzir a primazia do dólar no comércio internacional. A China tem vindo a liderar esse esforço nos últimos anos.
Recentemente deparei-me com este artigo publicado pelo South China Morning Post: “Moscovo e Pequim unem forças para contornarem o dólar dos EUA no mercado monetário mundial”. Como você poderá ver, a Rússia e a China têm trabalhado para fortalecerem os seus laços económicos nos últimos anos.
O último sinal desta cooperação ocorreu a 16 de Março, quando o Banco Central da Rússia abriu o seu primeiro escritório fora do país, em Pequim. Os órgãos de comunicação locais apelidaram-no de “um pequeno passo em frente na criação de uma aliança Pequim-Moscovo para contornar o dólar dos EUA no sistema monetário global”.
A negociação em Yuan é apenas o primeiro passo.
Planos muito mais ambiciosos estão a ser forjados.
[FYI: do texto Genghis Khan ~ O Império Mongol:
A 21 de Agosto de 1264 Kublai Khan torna-se o Grande Khan.
Após uma guerra civil prolongada, Ariqboqe rende-se a Kublai Khan em Shangdu. Isso solidifica o poder de Kublai Khan e permite que ele comece novamente as suas campanhas de conquista. Ele finalmente derrota a Dinastia Song no sul da China e instala o seu próprio regime, chamado de Yuan, o que torna os mongóis no primeiro povo não-chinês a conquistar toda a China”.
A palavra “Yuan” significa “origem do Universo”.
Em 1368 a Dinastia Ming recupera a China e o Império Mongol termina.
Depois de Kublai Khan, os mongóis desintegram-se em entidades concorrentes e perdem influência, em parte devido ao surto da Morte Negra. Em 1368, a Dinastia Ming erradica o Yuan, o poder dominante dos mongóis, pondo assim um fim ao Império.]
Fonte: https://politicalvelcraft.org/2017/03/30/moscow-beijing-establish-brics-monetary-transactions-framework-in-gold-it-all-begins/
Rússia testa alternativa ao dólar e prende EUA num “ferrolho de ouro”
25 Janeiro, 2016 por Colaborama
“O que os países BRICS, liderados pela Rússia e China, estão a fazer actualmente é alterar realmente o papel e o status do dólar norte-americano no Sistema Monetário Global. De meio de pagamento derradeiro-essencial, e de derradeiro-essencial activo para acumulação, a moeda nacional dos EUA, por acção conjunta de Moscovo e Pequim, está convertida em simples meio de pagamento intermediário. Sua serventia é ‘fazer a ponte’, até ser trocado pelo derradeiro-essencial activo financeiro: o ouro. É assim que o dólar norte-americano perde seu papel de derradeiro-essencial meio de pagamento e derradeiro-essencial activo para acumulação – e cede o trono a outro activo monetário reverenciado, sem pátria ou nação ou aliados ou inimigos: o ouro.”
As acusações mais frequentes que o ocidente tem feito contra Putin têm a ver com ele ter prestado serviços à KGB. Portanto, é pessoa sanguinária e imoral. Tudo é culpa de Putin. Mas ninguém até hoje o declarou burro [como Kerry] ou doido [como o senador McCain].
Tudo que dizem contra o homem só faz enfatizar a sua capacidade para pensar analiticamente e com objectividade, e para tomar decisões políticas e económicas claras e equilibradas.
Seguidamente, a imprensa-empresa ocidental compara a capacidade do presidente Putin à habilidade dos grão-mestres, capazes de jogar várias partidas simultâneas de xadrez em público. Desenvolvimentos recentes na economia dos EUA e do ocidente em geral permitem-nos concluir que neste ponto, ao avaliar estes específicos traços da personalidade de Putin, a imprensa-empresa ocidental, finalmente, está absolutamente certa.
Por mais que a Fox News e CNN, hoje, só façam repetir elogios aos sucessos económicos do ocidente, a economia ocidental, levando à frente os EUA, está completamente presa na armadilha que Putin montou para ela, e ninguém no ocidente sabe como sair dela. Quanto mais o ocidente esperneia tentando escapar, mais o ocidente se embrulha na armadilha.
Qual é o destino realmente trágico no qual estão envolvidos o ocidente e os EUA? E por que a imprensa-empresa ocidental e os ‘especialistas’ ocidentais dos mídia, na área da Economia mantêm o mais impenetrável silêncio sobre tudo isto? Tentemos compreender no contexto da economia a essência dos eventos económicos em curso, deixando de lado os factores de moralismo, ética e geopolítica.
Depois de dar-se conta do fracasso das suas acções na Ucrânia, o ocidente, comandado pelos EUA, decidiu destruir a economia russa, fazendo desabar os preços do petróleo e também do gás, reconhecidamente itens principais de entradas no orçamento de exportações e fonte de recursos para recompor as reservas russas de ouro.
Deve-se observar que o principal fracasso do ocidente na Ucrânia não é nem militar nem político, mas, isso sim, não ter conseguido de Putin que ele aceitasse financiar o projecto ocidental na Ucrânia, à custa do orçamento da Federação Russa. E essa decisão de Putin tornou inviável o projecto ocidental no futuro próximo e inevitável.
Noutra altura, sob o governo do presidente Reagan, este tipo de movimento, do ocidente baixar os preços do petróleo, teve ‘sucesso’ e levou ao colapso da URSS. Mas a história não se repete sempre, e nunca do mesmo modo. Desta vez, as coisas são diferentes para o ocidente. A resposta de Putin ao ocidente parece uma mistura de xadrez com jud – quando você usa contra o inimigo a força que o inimigo usa contra si, com mínimo desgaste da força e dos recursos de quem se defende. As reais políticas de Putin não são objecto de interesse da imprensa-empresa. Por isso, Putin pode manter-se sempre mais focado na eficiência, do que em obter efeitos com impacto instantâneo ou passageiro.
Poucos são os que compreendem o que Putin está fazendo nesse momento. E quase ninguém compreende o que ele fará a seguir.
Não importa o quanto pareça estranho, o facto é que, hoje, a Rússia só está vendendo petróleo e gás a quem aceite pagar em ouro físico.
Putin não está espalhando a notícia aos quatro cantos do mundo. E, claro, ainda aceita dólares norte-americanos como meio de pagamento intermediário. Mas imediatamente converte todos os dólares que receba da venda de petróleo e gás, em ouro físico.
Para compreender, basta observar a dinâmica do crescimento das reservas russas em ouro, e comparar esse dado com o que a Federação Russa recebe da venda de petróleo e gás no mesmo período.
Além do mais, no 3º trimestre, as compras russas de ouro físico alcançaram o ponto máximo histórico, níveis recorde. No 3º trimestre desse ano, a Rússia comprou a incrível quantidade de 55 toneladas de ouro. É mais do que todo o ouro que há em todos os bancos centrais de todos os países (segundo dados oficiais) somados.
No total, os bancos centrais de todos os países do mundo compraram 93 toneladas de ouro no 3º trimestre de 2014. Foi o 15º trimestre consecutivo de compras líquidas de ouro, pelos bancos centrais. Das 93 toneladas de ouro que os bancos centrais de todo o mundo compraram neste período, a ‘fatia’ russa é de 55 toneladas.
Há não muito tempo, cientistas britânicos já haviam chegado a uma conclusão, que foi publicada no relatório U.S. Geological. A saber: a Europa não conseguirá sobreviver sem a energia que compra da Rússia. Traduzido para qualquer idioma do mundo, significa: “O mundo não conseguirá sobreviver, se o petróleo e o gás russos forem excluídos da massa global de oferta de energia”.
Implica pois que o mundo ocidental, construído sobre a hegemonia do petrodólar, está em situação catastrófica. Não sabe sobreviver sem o petróleo e o gás que recebe da Rússia, e agora a Rússia só se interessa por vender petróleo e gás ao ocidente em troca de ouro físico. O ‘truque’, na jogada de Putin, é que o mecanismo para a venda de energia ao ocidente em troca de ouro funciona sempre, mesmo quando, como agora, o ocidente pague pelo gás e petróleo russos com o seu dólar artificialmente desvalorizado.
Já que a Rússia, tendo fluxo regular de dólares da venda de petróleo e gás, em qualquer caso e sempre, pode converter os dólares em ouro aos preços actuais, que o ocidente oferece a preços deprimidos. Isto quer dizer que, com o preço do ouro, que foi artificial e meticulosamente rebaixado várias vezes pelo Fed e pelo Fundo de Estabilização do Câmbio, departamento especial do governo dos EUA (Exchange Stabilization Fund, ESF), contra o poder de compra artificialmente empolado do dólar mediante a manipulação dos mercados.
Facto relevante: Desde 2012, a manipulação dos preços do ouro para baixo, pelo Fundo de Estabilização do Câmbio, departamento especial do governo dos EUA – com o objectivo de estabilizar o dólar – foi convertida em lei nos EUA.
No mundo financeiro aceita-se como dado indiscutível que o ouro é um anti-dólar.
Em 1971, o presidente Nixon dos EUA fechou a ‘janela de ouro’, pondo fim ao livre câmbio de dólares por ouro, garantido pelos EUA em 1944 em Bretton Woods.
Em 2014, o presidente Putin da Rússia reabriu a ‘janela de ouro’ – sem pedir licença a Washington.
Actualmente, o ocidente consome muitos dos seus esforços e recursos para manter deprimidos os preços do ouro e do petróleo. Por um lado, para distorcer a realidade económica a favor do dólar norte-americano; por outro lado, para destruir a economia russa, que se recusa a fazer o papel de vassalo obediente do Ocidente.
Hoje, activos como o ouro e petróleo parecem proporcionalmente enfraquecidos e excessivamente desvalorizados contra o dólar norte-americano. É o efeito do enorme esforço económico que o ocidente está a fazer.
E agora Putin vende recursos energéticos russos em troca desses dólares artificialmente empolados pelos esforços do ocidente. Com os dólares sobrevalorizados, ele imediatamente compra ouro, artificialmente desvalorizado em relação ao dólar dos EUA… pelo esforço do próprio ocidente!
Há mais um elemento interessante no jogo de Putin. É o urânio russo. 1/6 de todas as lâmpadas que há nos EUA dependem do fornecimentos russo de urânio. Que a Rússia vende aos EUA em troca de dólares, é claro.
Em troca do óleo, do gás e do urânio russos, o ocidente paga à Rússia em dólares, moeda cujo poder de compra está artificialmente sobrevalorizado contra o petróleo e o ouro, por efeito de esforços do ocidente. Mas Putin usa os mesmos dólares para tirar ouro do ocidente, pelo preço em dólares norte-americanos que o próprio ocidente baixou tanto!
Assim, nesta dança e contra-dança brilhante, Putin põe o ocidente, com os EUA à frente, na posição da cobra que furiosamente, agressivamente e aplicadamente vai devorando o próprio rabo.
A ideia desta armadilha económica para ‘segurar’ o ocidente pode, muito provavelmente, ter saído da cabeça do próprio Putin. Mais provavelmente, foi ideia do Dr. Sergey Glazyev, Conselheiro da presidência russa para Questões Económicas. Se não por isso, por que é que Glazyev, burocrata sem envolvimento no mundo comercial-empresarial, foi incluído, com vários empresários russos, na lista das sanções de Washington? E a ideia do economista foi brilhantemente aplicada por Putin, completamente apoiada por seu colega chinês – XI Jinping.
Putin e XI Jinping.
Particularmente interessante, neste contexto, é a declaração feita em Novembro, pela primeira vice-presidente do Banco Central da Rússia (BCR), Ksenia Yudaeva, que disse que BCR pode usar o ouro das reservas para pagar por importações, sendo necessário. Claro que, no que tenha a ver com as sanções, a declaração visa aos países BRICS, em primeiro lugar à China. Para a Rússia, a disposição dos russos de servir-se do ouro ocidental para pagar por importações, é altamente conveniente. Eis por quê:
– Recentemente, a China anunciou que deixaria de ampliar suas reservas em ativos denominados em dólares norte-americanos. Considerando o crescente déficit comercial entre EUA e China (a diferença hoje é cinco vezes, favorável à China), essa declaração, traduzida do idioma financeiro, significa: “A China parou de aceitar dólares em pagamento pelo que exporta”.
A imprensa-empresa mundial escolhe não dar a conhecer este que é o mais importante ‘evento’ de toda a história monetária recente. A questão não é que a China literalmente se recuse a vender os seus produtos para receber em dólares norte-americanos. É claro que a China continuará a aceitar dólares norte-americanos como pagamento ‘intermediário’ pelos seus produtos. Mas, recebidos os dólares, a China imediatamente tratará de livrar-se deles e de substituí-lo por algo com mais ‘substância’ nas suas reservas de ouro e moedas.
Se não se assume tudo isto, não há como compreender as recentes declarações das autoridades monetárias chinesas: “Estamos detendo o crescimento de nossas reservas ouro e monetárias denominadas em dólares norte-americanos”. Significa que a China não mais comprará títulos do Tesouro dos EUA em troca de dólares armazenados através do comércio com outros países, como fazia.
A China substituirá todos os dólares que receberá pelos bens vendidos, não aos EUA, mas ao mundo inteiro, com algo que não é denominado em dólares norte-americanos. A pergunta seguinte é interessante: com o quê a China substituirá todos os dólares dos seus negócios? Com que moeda, com que tipo de activo? Análises da actual política monetária chinesa mostram que muito provavelmente os dólares que venham do comércio, ou parte considerável deles, a China os substituirá em silêncio – de facto, já estão sendo substituídos – por Ouro.
Nesse aspecto, a parceria solitária de russos e chineses é extremamente bem-sucedida para Moscovo e para Pequim. A Rússia compra bens da China pelos quais paga diretamente em ouro, aos preços actuais. E a China compra recursos energéticos russos pelos quais paga directamente em ouro, aos preços actuais. Nesse festival de celebração da vida entre russos e chineses, há espaço para tudo: bens chineses, recursos energéticos russos e ouro – como meio de pagamento nos dois sentidos. O dólar norte-americano é a única moeda que não tem lugar neste festival de celebração da vida e da paz.
De facto, não é surpresa. Afinal, o dólar norte-americano não é nem um produto chinês, nem um recurso energético russo. Não passa de um instrumento financeiro intermediário de troca – e um intermediário desnecessário.
Todos os intermediários desnecessários sempre serão, como sempre foram, excluídos de qualquer interacção entre parceiros comerciais independentes.
Deve-se observar à parte que o mercado global para ouro físico é extremamente restrito, se comparado ao mercado mundial para petróleo físico. E o mercado para ouro físico é microscópico, comparado à totalidade dos mercados mundiais para entregas físicas de petróleo, gás, urânio e bens manufaturados.
Repete-se sempre a expressão “ouro físico”, porque, no pagamento em vendas de recursos de energia, a Rússia não recebe recursos energéticos ‘de papel’. A Rússia está extraindo ouro do oriente, sempre na sua forma física, não na forma ‘papel’. É o que a China obtém, ao receber do ocidente o ouro ‘físico’ desvalorizado, como pagamento por entrega física de produtos reais ao ocidente.
As esperanças do ocidente, de que China e Rússia aceitariam, para pagamento por bens e recursos energéticos, as chamadas moedas-merda, ‘merda-coin’ [orig. shitcoin] ou o chamado “papel-ouro” de vários tipos, não se concretizaram. À Rússia e à China só interessa o ouro, e como metal físico, como meio final de pagamento.
PARA REFERÊNCIA: O turn over do mercado do papel ouro, só de ouro futuro, é estimado em $360 bilhões/mês. Mas a entrega de ouro físico é de apenas $280 milhões/mês. A proporção entre papel-ouro e ouro físico é de 1.000:1.
Ao servir-se do mecanismo que retira activamente do mercado um activo financeiro artificialmente desvalorizado pelo ocidente (ouro), em troca de outro activo financeiro, mas artificialmente sobrevalorizado pelo ocidente (o dólar norte-americano), Putin iniciou a contagem regressiva que leva ao fim da hegemonia mundial do petrodólar. E Putin empurrou o ocidente para um impasse, porque não há nenhuma perspectiva económica positiva.
O ocidente pode consumir quantos esforços e recursos deseje para engordar artificialmente o poder de compra do dólar, baixar os preços do petróleo e baixar artificialmente o poder de compra do dólar. O problema, para o ocidente, é que as reservas de ouro físico que hoje estão no ocidente não são ilimitados. Assim sendo, quanto mais o ocidente desvalorize o petróleo e o ouro em relação ao dólar norte-americano, mais depressa o ocidente perde, porque desvaloriza o ouro que guarda nas suas reservas finitas.
Nesta jogada brilhante de combinação económica que Putin activou, o ouro físico que sai das reservas ocidentais está rapidamente fluindo para Rússia, China, Brasil, Cazaquistão e Índia, os países dos BRICS. Ao ritmo atual de redução de reservas de ouro físico, o ocidente simplesmente não tem tempo para fazer qualquer coisa contra a Rússia de Putin, antes do desabamento e colapso de todo o mundo do petrodólar ocidental. No xadrez de contra-relógio, a situação em que Putin meteu o ocidente – com os EUA à frente – chama-se “falta de tempo“, em alemão Zeitnot.
O mundo ocidental jamais antes assistiu aos eventos e fenómenos económicos aos quais assistem hoje. A URSS vendeu ouro rapidamente quando os preços do petróleo desceram. A Rússia rapidamente compra ouro quando os preços do petróleo descem. Isso implica que a Rússia impõe hoje uma ameaça real contra o modelo norte-americano de dominação mundial pelo petrodólar.
O princípio-chave do modelo do petrodólar mundial é permitir que os países ocidentais liderados pelos EUA vivessem à custa do sangue, do trabalho e dos recursos de outros países e povos, a partir do papel que tem a moeda norte-americana, dominante no sistema monetário global (SMG). O papel do dólar norte-americano no SMG é que é (ou foi) o meio derradeiro de pagamento. Significa que a moeda nacional dos EUA, na estrutura do SMG, é (ou foi) o derradeiro activo para acumulação, que não faria jamais sentido cambiar por qualquer outro activo.
O que os países dos BRICS, liderados pela Rússia e China, estão a fazer actualmente é alterar verdadeiramente o papel e o status do dólar norte-americano no Sistema Monetário Global. De meio de pagamento derradeiro-essencial, e de derradeiro-essencial activo para acumulação, a moeda nacional dos EUA, por acção conjunta de Moscou e Pequim, está convertida em nada além de meio de pagamento intermediário. A sua serventia é ‘fazer a ponte’, até ser trocado pelo derradeiro-essencial activo financeiro: o ouro. E é assim que o dólar norte-americano perde o seu papel de derradeiro-essencial meio de pagamento e derradeiro-essencial activo para acumulação – e cede o trono a outro activo monetário reverenciado, sem pátria ou nação ou aliados ou inimigos: o ouro.
Tradicionalmente, o ocidente sempre usou dois métodos para eliminar qualquer ameaça contra a hegemonia do modelo do petrodólar no mundo e todos os descabidos privilégios para o ocidente. Um desses métodos: as revoluções ‘coloridas’. O segundo método, frequentemente aplicado pelo ocidente quando falha o primeiro: agressão militar.
Mas no caso da Rússia estes dois métodos são impossíveis ou inaceitáveis para o ocidente.
Porque, em primeiro lugar, a população da Rússia, diferente da de outros povos, não deseja trocar a própria independência e o futuro dos próprios filhos, pelas sanduiches apodrecidas a que o ocidente chama de comida. É bem claro, pelos índices de aprovação que Putin tem, que as grandes agências ocidentais não se cansam de ‘pesquisar’ e, depois, têm de publicar.
A descoberta de que Alexei Navalny mantém relações estreitíssimas com o Senador McCain e com Washington abalou toda a credibilidade que tinham. A notícia do relacionamento entre eles foi assunto noticiado.
Consequentemente, 98% da população russa passou a ver Navalny [vive de denunciar ‘corrupções’, até agora sem qualquer prova contra Putin, apenas como sabujo, fantoche e vassalo de Washington e traidor dos interesses nacionais dos russos. E os ‘especialistas’ ocidentais que ainda não enlouqueceram totalmente sabem perfeitamente que ‘revolução colorida’ nunca funcionará no caso da Rússia.
Quanto à segunda opçãotradicional ocidental, o da agressão militar directa, evidentemente a Rússia não é a Jugoslávia, nem o Iraque nem a Líbia. Em qualquer operação militar não nuclear contra a Rússia, em território russo, o ocidente, com os EUA à frente, estão condenados ao mais flagrante desastre. E os generais do Pentágono, que são os comandantes de facto das forças da OTAN, já sabem disso.
Um ataque nuclear à Rússia também não tem esperanças de sucesso, inclusive o chamado “ataque nuclear preventivo para desarme”. A OTAN é simplesmente incapaz, em termos técnicos, de lançar qualquer ataque que desarmasse completamente todo o potencial nuclear da Rússia nas suas diferentes manifestações. Um ataque massivo nuclear de retaliação contra um inimigo ou conjunto de inimigos atacantes é absolutamente incontornável, se a Rússia for atacada. E a capacidade nuclear total dos russos é suficiente para que os sobreviventes invejem a sorte dos mortos.
Assim se esclarece suficientemente que atacar com armamento nuclear um país como a Rússia não é solução a ser considerada, para resolver o ‘problema’ do colapso do mundo do petrodólar. No melhor dos casos, seria um último acorde no funeral do petrodólar. No pior dos casos, um inverno nuclear, o fim da vida no planeta Terra, que ficará entregue a bactérias alteradas pela radiação.
O establishment económico ocidental sabe e compreende a essência da situação, gravíssima e sem saída, em que o ocidente acabou preso, na armadilha com ferrolho de ouro que Putin montou. Afinal de contas, desde os acordos de Bretton Woods que todos conhecemos a regra fundamental: “Quem tem mais ouro estabelece as regras.” Mas ninguém, no ocidente, fala sobre isto. Não porque o ocidente não saiba onde está metido. Mas porque ninguém no ocidente sabe como o ocidente se safará, se se conseguir safar de facto.
Se se explicar ao público ocidental todos os detalhes do desastre económico que se aproxima, o povo perguntará aos apoiantes do mundo do petrodólar a mais terrível das perguntas, que se pode formular mais ou menos assim:
– E por quanto tempo mais o ocidente consegue continuar a comprar petróleo e gás da Rússia pagando com ouro físico?
E o que acontecerá ao petrodólar norte-americano depois que acabar o ouro físico no ocidente para pagar pelo petróleo, pelo gás e pelo urânio russos, além de outros produtos russos?
Hoje, ninguém no ocidente sabe responder a estas duas perguntas aparentemente muito simples. O nome técnico é xeque-mate. Fim do jogo.
Autor: Dmitry Kalinichenko, Investcafe.ru (traduzido para o ingles por Kristina
Fonte : Prepareforchange.
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